Avançar para o conteúdo principal

Aulas de substituição-II

Helena Garrido Escolas Vale sempre a pena visitar os vizinhos para nos conhecermos melhor.A perplexidade com que os responsáveis pela Educação em Espanha, Itália e Irlanda responderam às perguntas do DN sobre a existência de aulas de substituição revela bem o atraso em que estamos e a irracionalidade de combater esta iniciativa.Obviamente que, como diz quem fala em nome da Itália, a escola tem a obrigação de acompanhar os alunos desde a entrada à saída. Como podem os professores considerar que não é assim ou, se assim é, que nada têm a ver com isso? Só um tempo demasiado longo, durante o qual as autoridades abandonaram a escola à sorte de ser dirigida por profissionais voluntaristas, é que pode explicar a falta de consciência da responsabilidade de um professor.Sem estas recentes orientações, há muito que muitas escolas se organizaram para assegurar a ocupação dos tempos livres dos alunos. São espaços que representam mais que a soma das horas de aula, que não se limitam a ser um edifício onde autómatos entram e saem debitando matérias.Quem está contra as aulas de substituição parece defender um depósito de crianças e adolescentes e não uma escola. E esperemos que alguns não tenham caído na tentação de manipular os seus alunos contra uma iniciativa que há muito devia ser uma regra. As manifestações de crianças e adolescentes causam, por vezes, grande estranheza.Qualquer professor sabe que há uma infindável lista de actividades que pode desenvolver com os jovens. Um professor que ensina Português não pode substituir a aula de Matemática? Provavelmente não. Mas pode aproveitar esse tempo para ensinar Português.E a escola? Pode com certeza desenvolver actividades que funcionam em contínuo para onde se deslocam os alunos que ficaram com um "furo". Tanto que se pode fazer. É só querer.Porque não querem os professores, ou pelos menos alguns, os que se manifestam contra? É difícil perceber. Uma das hipóteses é esta posição contra as aulas de substituição ser apenas uma forma de reivindicação salarial. Os professores podem considerar que não são pagos para isso. Mas não têm razão.Se a remuneração dos professores estivesse ligada aos resultados, nem aumentos salariais deveriam existir, pelo menos para alguns. É tempo de quem ensina assumir também as suas responsabilidades pelo estado da educação dos portugueses. Editorial in D.N. 2-12-2006

Comentários

Ilda B. disse…
Pena é que a sociedade tenha esta visão da Escola, dos gestores e dos professores. Enquanto esta for a imagem de marca,os professores têm as suas causas quase perdidas.

Mensagens populares deste blogue